Corredores

Lyra caminhava calmamente nos amplos corredores da Sede dos Anjos. Ela amava aquele lugar como se fosse sua própria casa, o que não era de todo uma mentira. Vivia naquele lugar já há algum tempo, e podia consedirar aquele castelo como se fosse uma segunda casa para ela. Aquele lugar maravilhoso, livre de criaturas de Savert, impuras, um local intocado pela maldade. Perfeito. Não havia outra descrição possível para aquele lugar incrível. Belo, puro, maravilhoso; não podia haver algo no mundo que fosse melhor que a Sede da Ordem dos Anjos.

Olhava todo aquele lugar. As imagens, pinturas, esculturas. Tudo mostrava a grandiosidade poderosa dos anjos e arcanjos. Tudo aquilo impunha respeito e amor, e fazia com que a garota se sentisse orgulhosa de ser quem era. Não podia existir sensação melhor na vida do que a de ser um anjo e saber disso. Criaturas puras e belas, sem imperfeições. Era isso o que ela pensava de sua própria raça.

Andou mais alguns metros antes de virar para uma janela e examinar o céu estrelado do lado de fora. Todos estariam dormindo àquela hora, e mesmo que estivessem, não havia mal algum em dar um passeio noturno pelos belos corredores do castelo. Muito pelo contrário, era algo completamente normal. Não poderia ser punida por isso a menos que acordasse alguém. No máximo seria mandada de volta para a cama, onde deveria estar, mas isso já era algo que ela pretendia fazer em pouco tempo. Só queria olhar um pouco mais a Lua. Estava tão linda... Aquilo era encantador. Uma imagem embriagante. Ficaria ali, olhando aquela Lua apenas mais alguns instantes e voltaria para seu quarto; apesar de não estar com sono, precisava dormir um pouco.

Lyra estava tão entretida olhando a paisagem que não ouviu alguém se aproximar. isso ia contra tudo o que aprendera de útil em The Réquiem; manter a guarda era sempre importante, mesmo que fosse a maior dificuldade da sonhadora Lyra.

Vivia no mundo da Lua, talvez pelo mesmo motivo de estar admirando-a nesse momento. Adorava aquela bela imagem prateada de tranqüilidade e pureza que iluminava o céu mesmo não sendo um astro com luz própria.

- Também está sem sono? A noite está bonita hoje... Embora que na verdade sempre é bonita, mas hoje está um pouco mais que o normal...

Ela não se assustou, mas olhou para a companheira. A filha do arcanjo Miguel, Alexssandra Le Fair, olhava também para a paisagem noturna fora da janela. Seria impossível não conhecer Alexssandra, visto que ela tinha uma posição importante entre anjos e arcanjos, e Lyra sabia muito bem quem ela era.

- Ah, oi, Alexssandra. Sim, eu não estou conseguindo dormir, e vim admirar a paisagem noturna que temos aqui na Sede.

Lyra sorriu para a garota e voltou a olhar para o céu. Não tinha o mínimo sono, mas precisava voltar para seu quarto e dormir um pouco. Mesmo que não sentisse, tinha a necessidade de dormir. Mas tudo lá fora parecia tão convidativo e acolhedor aos olhos... E ela não estava fazendo nada de errado, os corredores eram públicos, mesmo que estivessem sendo utilizados em um momento errado. Não que fosse realmente errado, mas ela não deveria estar ali, e sim em seu quarto.

"Pare de se preocupar e olhe o quadro lindo à sua frente. Não existe nada melhor no mundo que admirar o céu à noite." Dizendo isso a si mesma, em pensamento, deixou sua mente e sua preocupação se perderem no horizonte.

Logo que chegou perto de sua irmã Tanatus recebeu um abraço, ele se lembrava muito bem do abraço dela, mesmo nos anos que passou fora ele nunca iria esquecer. Ela perguntou se ele tinha novidades, na verdade ele tinha muitas, ele esteve fora por muitos anos.

- Bom, de importante não tem muita coisa - Na verdade ele tinha muitas coisas para contar, sobre o que tinha aprendido na Europa, mas achou que o momento não era apropriado - Eu senti muito a sua falta, me promete que nós nunca mais iremos nos separar - Ao dizer isso ele olhou no fundo dos olhos dela.

Logo depois de falar isso para sua irmã ele lembrou que não estava sozinho com ela, a amiga dela estava junto, olhou para a outra garota e disse:

- Onde está a minha educação, eu me chamo Tanatus - Ele se aproximou da garota e a cumprimentou - Qual o seu nome? - Ele deu um sorriso para a garota e se colocou novamente ao lado de sua irmã.

Ele não tinha reparado, mas eles estavam fazendo um pouco de barulho, o grande corredor ecoava com as falas altas deles, já estava tarde e então Tanatus propôs que eles fossem conversar em outro lugar, antes que alguém viesse brigar com eles - Não é melhor nós irmos conversar em outro lugar? Nós estamos fazendo muito barulho e já está tarde. - Após dizer isso ficou aguardando a respostas das garotas.

A luz do luar entrava pela janela enquanto as duas conversavam, iluminando o extenso corredor deserto, a não ser pelas duas figuras.

- Pode me chamar só de Alex. É complicado se acostumar com um horário e depois ter de reeducar o sono...

- É verdade... E pode me chamar de Lyra, não sei se você sabe o meu nome. - Claro, ela não esperava realmente que Alex se lembrasse de seu nome, afinal ela não tinha muita importância entre os anjos.

Olhou para o lado e viu uma figura se aproximar e reconheceu o outro filho do arcanjo Miguel. Sentia-se diminuía perto deles, mesmo que eles não tivessem a intenção de transmitir essa condição de superioridade.

- Tanatus que saudades! Então, o que conta de bom?

- Bom, de importante não tem muita coisa. Eu senti muito a sua falta, me promete que nós nunca mais iremos nos separar.

Alex abraçou o irmão carinhosamente, o que deixou Lyra um pouco constrangida em estar no meio de tudo aquilo de que não fazia parte. Sentiu-se no lugar errado, completamente deslocada, como se estivesse atrapalhando alguma coisa ou invadindo a privacidade a que os dois irmãos tinham direito.

- Onde está a minha educação, eu me chamo Tanatus. Qual o seu nome?

Ela estava encarando o chão, fingindo que não estava lá e tentando ignorar o que acontecia ao seu redor, e se sobressaltou ao perceber que estavam falando com ela. Levantou o olhar e olhou para o rapaz. Era bonito, e parecia muito maduro e adulto ao seus olhos. Sua aura era como a da irmã, muito pura e poderosa.

- Muito prazer, eu sou a Lyra - Sua voz lhe pareceu fraca e falha e a garota sentiu que estava corando e desviu o rosto na direção da janela. O que era aquilo, ela não corava com tanta facilidade e por motivos tão pequenos. Aliás, qual era o motivo de tanto embaraço?

- Não é melhor nós irmos conversar em outro lugar? Nós estamos fazendo muito barulho e já está tarde.

A garota não sabia o que responder. Obviamente os dois irmãos tinham muito o que conversar e ela só estava atrapalhando. Pensou em dar uma resposta mais neutra e evasiva e ir para o seu quarto para não atrapalhar mais. Mesmo que não fosse, eles provavelmente prefeririam ficar a sós para poder conversar com mais tranqüilidade. Mas não disse nada de imediato. Sua mente estava perdida em algum outro lugar.

- É verdade... E pode me chamar de Lyra, não sei se você sabe o meu nome. - Claro, ela não esperava realmente que Alex se lembrasse de seu nome, afinal ela não tinha muita importância entre os anjos.

- Lyra... eu conheço o seu nome – disse Alexssandra com um sorriso. Sim, ela se lembrava do nome daquela com quem conversava. Não que ela pudesse se lembrar do nome de todos os anjos, mas alguns às vezes ela lembrava... E esse era o caso de Lyra. – Lyra Marlin, não? - disse praticamente certa de estar acertando o nome da outra.

Depois, então sentiu a presença de seu irmão vindo de encontro a elas e bom, ela então abraçou bastante o irmão, perguntando como ele estava que novidades ele tinha para contar e tudo mais.

Porque eles tinham ficado muito tempo afastado e bom, Alex adorava o irmão. Nunca aceitou muito bem o fato de eles terem de se separar, especialmente quando o pai deles, o arcanjo Miguel se foi, tempo esse que foi muito complicado para ela.

- Bom, de importante não tem muita coisa... Eu senti muito a sua falta, me promete que nós nunca mais iremos nos separar.

Nem é como se ele precisasse pedir, porque essa não era a intenção de Alex. Por ela, eles ficariam juntos praticamente o tempo todo para compensar os anos em que ficaram separados. Afinal, Tanatus era sua família e mais que isso, porque antes de seu irmão, para ela, Tanatus era seu melhor amigo e daí vinha a saudade toda dela. Não eram apenas laços sangüíneos que importavam ali.

- Onde está a minha educação, eu me chamo Tanatus, qual o seu nome?

Alex observou o irmão cumprimentar Lyra, por um curto momento em que abraçava o irmão, matando um pouco da saudade, tinha até esquecido da presença da outra e isso a deixou um tanto culpada, afinal não era nada legal excluir alguém, mesmo que não propositalmente.

- Muito prazer, eu sou a Lyra

- Não é melhor nós irmos conversar em outro lugar? Nós estamos fazendo muito barulho e já está tarde.

- é verdade.. - disse Alex se lembrando de que estavam em um corredor e que dali a pouco alguém ira irritar-se com eles por ficarem conversando pelos corredores e atrapalhando os outros. – quem sabe é melhor se fossemos... hey, que tal a casa Le Fair? - fazia um tempinho que Alex não colocava os pés naquela casa, porque de certo modo aquilo não era exatamente muito saudável para ela. Tudo lhe remetia às duas pessoas que não estavam com ela: seu pai e seu irmão.

E bom Alexssandra não podia viver mais mergulhada em lembranças dolorosas do passado, por isso se mudou para um quarto na sede, onde menos se lembrava de coisas que lhe eram dolorosas.

E foi nessa época que, com algum apoio, ela finalmente conseguiu sair do estado deplorável em que se encontrava e finalmente recuperar alguns de seus poderes que tinham simplesmente se bloqueado depois da morte do arcanjo Miguel. Entre esses poderes, especialmente a capacidade de voar.

Mas voltar lá com companhia seria diferente, porque não mais a casa lhe lembraria apenas coisas tristes. Lembrar-se-ia coisas tristes? Claro que sim, mas agora não só coisas tristes viriam à sua mente, mas lembranças boas também. Isso faria uma diferença tremenda, obviamente.

Esperou então pela resposta, olhando de Tanatus para Lyra. Tinha percebida que de certo modo Lyra parecia mais isolada agora que Tanatus chegara e bom, isso só aumentava a sua culpa...

- O que vocês acham de irmos conversar lá em casa? E é claro que o convite se estende a você também Lyra

- Exatamente isso que eu disse! – disse Alex mais animada.

- Não aceito um não como resposta Eu vou na frente para poder liberar a casa para a nossa visitante, sabe como é, o sistema de segurança não permite pessoas que não são da família. Vocês vão conseguir chegar lá sozinhas? Tomem muito cuidado, sinto que estamos em tempos de cautela

- non se preocupe, podemos nos cuidar bem sozinhas.. – disse Alex com uma pequenina irritação. Ela não gostava muito de ser superprotegida, afinal das contas, ela podia bem cuidar de si mesma. Mas enfim, ela estava alegre demais para que aquela mínima irritaçãozinha lhe incomodasse.

Tanatus então se teleportou indo na frente, então depois um pequeno espaço de tempo em que ela calculou que o irmão estava desligando a segurança da casa, se virou para Lyra perguntando.

- vamos indo então?

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continua na casa Le Fair

O corredor ainda estavasilencioso, exceto pelas duas garotas que conversavam no local. Não que estivessem fazendo muito barulho, mas os sons ecoavam no espaço.

- Lyra... eu conheço o seu nome. Lyra Marlin, não? - Lyra não esperava que ela acertasse seu primeiro nome, quanto mais o segundo e sorriu para a companheira.

- Sim, isso mesmo. E nem preciso dizer que o seu é Alexssandra Le Fair. - Ergueu uma sombrancelha como se tivesse medo de ter errado o nome da amiga. Mas era muito pouco provável, ela tinha quase certeza de que estava certa.

Foi pouco depois disso que apareceu Tanatus, irmão de Alex. Lyra percebia que os dois se amavam muito, e que eram uma família completa, mesmo que fossem apenas os dois, agora que o arcanjo Miguel estava morto.

- Não é melhor nós irmos conversar em outro lugar? Nós estamos fazendo muito barulho e já está tarde.

Aquela situação era muito constrangedora. Lyra olhou para Alex, esperando que ela respondesse alguma coisa. Abriu a boca como se fosse falar alguma coisa, mas tornou a fechá-la sem pronunciar som algum em resposta a Tanatus.

- É verdade... - disse Alex – Quem sabe é melhor se fossemos... Hey, que tal a casa Le Fair?

- O que vocês acham de irmos conversar lá em casa? E é claro que o convite se estende a você também Lyra. - Ela olhou de Alex para Tanatus, um pouco surpresa com o convite. Não esperava isso, e ela sentia como se ele estivesse fazendo isso apenas por educação, o que de certo modo fez com que ela tivesse uma sensação depressiva muito ruim - Não aceito um não como resposta. Eu vou na frente para poder liberar a casa para a nossa visitante, sabe como é, o sistema de segurança não permite pessoas que não são da família. Vocês vão conseguir chegar lá sozinhas? Tomem muito cuidado, sinto que estamos em tempos de cautela.

- Exatamente isso que eu disse! Non se preocupe, podemos nos cuidar bem sozinhas...

Tanatus falou antes que Lyra pudesse responder qualquer coisa, e Alex concordou antes que ela pudesse recusar. Ela olhou para o rapaz completamente sem graça. Não que ela não quisesse aceitar o convite, mas ela mal o conhecia e se sentia muito mais tímida do que já era quando estava perto dele.

- Não, não precisa! - Estendeu o braço como se tentasse impedir que ele fizesse ou falasse qualquer coisa, mas o rapaz pareceu nem sequer escutar o que ela dissera. Teleportou até sua casa antes que ela pudesse protestar ou falar o que fosse.

Olhou para Alexssandra como se esperasse alguma reação vinda da garota, pensando no que poderia dizer. Mas sua cabeça estava completamente vazia e ela não conseguia pensar em absolutamente nada para fazer ou falar. Estava sem reação e devia estar parecendo uma criança perdida, mas pelo menos estava mais calma e logo poderia estar raciocinando direito.

Bem, se Tanatus estava tendo o trabalho de liberar a casa para ela, seria quase uma falta de educação recusar. E que mal poderia haver se ela apensa fosse e voltasse rapidinho? Esperou que Alex fizesse qualquer coisa ou lhe dissesse qualquer coisa. Afinal, não sabia onde ficava a casa dos Le Fair.

- Vamos indo então? - Alex olhava para ela esperando qualquer reação, e Lyra decidiu na hora o que fazer.

- Ah, tudo bem para mim, então.

Lyra foi com Alex para a casa Le Fair, mas não pretendia demorar muito, voltaria o mais rápido que pudesse. Poderiam dar pela falta dela na Sede, e talvez ela tivesse problemas com isso mais tarde.